quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O corpo fala



Ninguém ignora que a poesia é uma solidão espantosa,
Uma maldição de nascença, uma doença da alma.
(Jean Cocteau)


Quando a alma entristece, o corpo adoece.
E quando a boca cala, o corpo fala.
O nariz escorre quando não se permite chorar.
A garganta fecha
quando não consegue falar das aflições
A ansiedade impede de respirar.
O estômago arde quando a raiva surge e não consegue sair
O diabetes invade quando a solidão dói
A culpa adoece os rins.
Doenças pélvicas surgem de relacionamentos corrosivos
O corpo engorda quando a insatisfação aperta
E perde peso quando acaba o interesse.
Sentimentos negativos trazem a dor de cabeça que deprime
A alergia é fruto da intolerância e do perfeccionismo.
As unhas quebram quando se perde a força
O peito aperta quando o orgulho escraviza
O coração infarta quando não há como lidar com a ingratidão.
A pressão sobe quando o medo aprisiona
As neuroses paralisam quando o “eu” tiraniza
A febre surge quando a imunidade é ameaçada.
O coração desiste quando viver não faz mais sentido
O que adoece não é a só dor, a ausência, a saudade
Mas também a eterna escolha do papel de vitima.
Em alguns casos, o mal pode estar no excesso de orgulho
Ou na necessidade de controle.
Tentar compreender o que de verdade nos aflige
é um passo para começar a lidar com os problemas,
antes de interiorizar as dores da alma.
“Na vida, cada um escolhe o que plantar,
mas deve ter consciência que é isso que irá colher”.

Li algo parecido na sala de espera de um espaço terapêutico, e este texto é uma espécie de reflexão a respeito.

(*) Imagem de 1981 do francês Jean Fabre