sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mottainai!


2011 acaba amanhã e, baseados em antigas previsões, muitos dizem que tudo acabará em 2012. Será? Essa possibilidade tem tirado o sono de tanta gente, mas eu prefiro não perder tempo com esse tipo de coisa. Mas não posso evitar de ficar meio melancólica, sorumbática neste periodo, mesmo com toda a agitação das Festas.

Semana passada eu viajei, peguei a revista 29 horas (disponível nos principais aeroportos), guardei-a na mala, e só ontem consegui abri-la. E logo me deparei com matéria da minha amiga Chantal Brissac trazendo depoimentos de Lia Diskin, argentina que vive no Brasil desde 1971, quando ajudou a formar a Associação Palas Athena (que agencia e incuba projetos sociais e educacionais) e que está por trás de algumas das mais concretas e persistentes iniciativas pela paz e pela convivência entre as pessoas.

Nessa matéria, Lia reflete sobre a questão do consumo e como ele afeta o meio ambiente. Ela cita o grande pensador Confúcio que 2.500 anos atrás já dizia: "Nada é bastante para quem considera pouco o que é suficiente". Gandhi, por sua vez, sempre repetia: " Todo aquele que tem coisas de que não precisa é um ladrão", referindo-se ao fato de que, quando você guarda algo que não usa, automaticamente está impedindo que outra pessoa o utilize. Lia garante que, se Gandhi vivesse hoje, sua maior luta seria parar a onda desenfreada de consumo.

Ainda tem muita gente morrendo de fome no planeta, mas continuamos desperdiçando alimentos. Estamos caminhando para uma falta de água universal, e ainda assim nossos banhos são longos e as torneiras ficam abertas mais tempo do que deveriam. Produzimos lixo em quantidades absurdas e inconsequentes, seguimos trocando celulares e eletronicos sem real necessidade. É que talvez a nossa preocupação ainda não tenha se transformado em indignação.

Mas felizmente, embora de maneira lenta, as coisas estão mudando e muitos vêm trocando o individualismo pelo coletivo. E já tem jovens trocando carro pela bicicleta, viagens caras por temporadas de trabalho e troca de experiências em aldeias indígenas ou africanas ou ajudando a transformar seus bairros em ecobairros. Na Europa há até prédios adotando esquemas de eletrodomésticos e carros compartilhados.

Então, copio Lia Diskin e ecoo aqui a palavra japonesa
"Mottainai!" que significa "que desperdício!". Que ela seja a nossa guia e esteja na ponta da lingua para ser dividida e multiplicada. Só assim poderemos viver melhor, e sem culpas, o tempo que nos resta. Feliz 2012 e sempre.

3 comentários:

Vladimir Golombek disse...

E todo isso só por causa de um alinhamento nos céus! Que vivamos este ano e cada um dos seus dias como fosse o último!

Maurício Mellone disse...

Laura:
Difícil não ficar "sorumbático" (há tempos não lia ou ouvia esta palavra)
no final do ano!
Mas já entramos no ano novo e os toques para se viver melhor nesse nosso Planeta são sempre muito bem-vindos!
Sempre digo q podemos fazer nossa parte, o papelzinho de bala q jogamos no lixo!
Além do fim dos desperdício (água principalmente), o lixo é outra preocupação constante. Há os R q não podemos esquecer: reciclar, reaproveitar, rever hábitos, reeducar-se etc!
Parabéns pelo post provocativo e pedagógico!
bjs saudosos e um 2012 brilhante!
Maurício

Anônimo disse...

Oi, Laura.
Conhecemos a professora Lia Diskin na Palas Athena, há muitos anos. "Mottainai", o origami partiu dessa premissa.
Abraços ReDobrados,
Tereza