Preciso confessar: eu ando apaixonada. Desde que o Machado entrou na minha vida, tudo se modificou. Para mim ele significou um resgate no tempo e de novo eu voltar a ser responsável por um bebê: remédios, alimentação, vacinas, carinho, carências, estimulação, brincadeiras, etc. O que compensa a frustração de, às vezes, eu ser preterida pelo urso de cimento ou o ratinho de pelúcia.
Machado é um gatinho vira-lata de cerca de 4 meses que peguei numa Ong que funciona dentro do Parque da Água Branca, em São Paulo, lugar onde gente sem sentimento joga animais como se fossem lixo. Então um grupo de senhoras se organizou, e conseguiu da Prefeitura, que administra o parque, um pequeno espaço para construir o gatil, uma área pequena e cercada com grade de ferro. E lá, com ajuda financeira de uns poucos, elas dão plantões de até 6 horas/dia para alimentar e cuidar desses bichos descartados até que sejam adotados (já castrados e vermifugados) sem cobrança de taxa alguma. Contam apenas com a colaboração de alguns veterinários e de jovens que cuidam da manutenção e atualização do site http://www.balaiodegatos.net/index.htm
Todinho preto e com olhos amarelo esverdeados, Machadinho logo ganhou esse nome em alusão ao grande escritor Machado de Assis também negro de olhos claros. E é o responsável pela festa que virou a minha vida. Ele está aqui em casa há 45 dias. Desde então nunca mais pude deixar gavetas e portas abertas, alimentos sobre a mesa, nem nunca mais consegui ficar na cama à toa pela manhã, porque sei que tem uma coisinha linda, atrevida, desafiadora, engraçada, meiga e toda cheia de gás só esperando eu levantar para começar um novo dia bem agitado.