segunda-feira, 22 de março de 2010

Repaginando


Eu não agüento mais
viver na incerteza
sentir tua frieza
a minha passividade
carinhos ocasionais

Não estou suportando
a lágrima na garganta
o teu jeito pilantra
coração espremido
beijo só vez em quando

Você quer cair fora
mas não acha jeito eu sei
então quem parte agora
sou eu, pode crer, sem drama
cada um no seu quadrado

Vou mais é me cuidar
um novo amor partilhar
alguém normal, com defeitos
mas sem amarguras no peito
mereço e vou encontrar

Então bye bye so long
e sem nenhum flash back.
só o que eu te peço é respeito
seja muito feliz
sem nenhum ressentimento
a gente se vê por aí

(*) Porta de renda em ferro, inspirada na obra de Robert Mapplethorpe

sexta-feira, 5 de março de 2010

Amor aos berros


Certas noticias me chamam tanto a atenção que recorto e guardo numa pasta que volta e meia reviro em busca de ideias para os escritos. É o caso de um recorte de jornal do ano passado, e que fala do Dia de apreciar a esposa instituído há 4 anos no Japão, porque lá os homens perceberam que há muito vinham dando pouca atenção às companheiras. Nessa data eles se juntam para gritar a plenos pulmões - e ao ar livre - o quanto gostam delas e o quanto apreciam tudo o que elas fazem pela casa e pelo relacionamento.

A noticia me perturbou por várias razões. Primeiro, por ver como é fácil darmos mais valor e tempo ao trabalho do que à vida pessoal. Isso é ainda mais frequente com os homens, uma vez em geral são as mulheres que tomam para si a responsabilidade dos cuidados com casa e filhos. E isso internacionalmente. No Japão esse apreço ao trabalho é ainda mais forte, uma vez que com o esforço de reconstrução do país no pós-guerra, os japoneses ganharam a reputação de colocar seus empregos no topo das prioridades. Coitadas delas.

Mas será que adianta os homens berrarem longe de casa o quanto elas são importantes? Não seria mais eficiente – e agradável – eles passarem a gastar algum tempo do dia conversando com elas, olhando-as nos olhos, elogiando-as, fazendo carinhos?

A falta de jeito dos japoneses demonstrarem afeto é tão admitida lá, que fundaram a associação Maridos Japoneses que Apreciam (em inglês Japans Adoring Husband’s) e que se dedica a difundir as seguintes regras de ouro para manter acesa a chama do casamento:


1) Olhe nos olhos quando falar com ela;
2) Chame-a pelo nome, e não por você ou “mãe”
3) Chegue do trabalho até as 20 horas no máximo
4) Agradeça regularmente por tudo o que ela fizer pela casa ou por você
5) Ajude nas tarefas de casa.

Estamos a milhares de quilômetros do Japão, não temos aqueles olhinhos puxados, nossa cultura e tradições são bastante diferentes, mas não seria bom se, como eles, todos nós – homens e mulheres, em nosso dia a dia, procurássemos encontrar tempo para um dengo e um papo com aquele (ou aquela) que conosco partilha a vida e os sonhos?