quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Confeito



Penso em você quando chove
raios e trovões me assustam...
desde criança é assim.
Boba, imagino invasão
naves de um outro lugar
milhões de seres miúdos
invadindo o bairro, casa,
se esgueirando em nosso lar.

E quando as gotas açoitam
o vidro querendo entrar
gelo por dentro, absorta
certa que vou naufragar
cerro os olhos e as cortinas
e, por dentro, eu te chamo

Quando o céu todo se espreme
de nuvens, veste seu manto
sombrio, ruge e treme
mandando o vento gritar
tempestade, eu me recolho
pensando: vai demorar ...
Desta vez, a chuva pode
me levar, me desmanchar
como seu eu fosse um confeito
todinha feita de açúcar.

Sempre que isso acontece
tudo o que quero é você
pertinho me protegendo.
Você é meu bote, minha
arca, meu telhado, para-raio
ou a terra que absorve
toda a água no seu dentro.

Com você do lado sinto
calma, passa chuva, passa
o medo, passa tudo
passa boi, passa boiada...

Logo mais o céu se abre
de novo em branco e azul
mas o colinho serviu
pra me deixar com a certeza
de ser muito amada, mesmo
com esse defeito infantil,
talvez marca de nascença.