Excuse-me while I kiss the sky (de uma velha canção de Jimmy Hendrix)
segunda-feira, 21 de abril de 2008
sexta-feira, 18 de abril de 2008
De onde tc?
Terça feira, 17 horas, Sala 10 do Uol
Engenheiro Discreto cam, - Oi !
Meiguinha - Oi, tudo bom?
Engenheiro Discreto cam - Tudo. De onde tc?
Meiguinha - De BH, e vc?
Engenheiro Discreto cam - Também.... casada?
Meiguinhia - Sim, e vc?
Engenheiro Discreto cam - Enrolado..... como você é? Idade? O que faz?
Meiguinha - Enfermeira, 26 anos, 1.55m, 67 quilos, sou loira, gordinha, seios fartos, sempre muito sorridente, bem com a vida.
Engenheiro Discreto - hummmm, o meu tipo .....rsrs está sozinha?
Meiguinha - Sai da sala
Terça feira, 17h10, Sala 10 do Uol
Engenheiro Discreto cam – Olá, podemos tc, gata!
Avassaladora - Oi
Engenheiro Discreto cam – Quantos anos? casada? O que faz?
Avassaladora – Sim, 45 anos , morena, 1.75m, 58 kg, ex-modelo, trabalho com eventos
Engenheiro Discreto cam - Nossa, que gata...será que o Papai do Céu atendeu o meu desejo? Está só? Como está vestida?
Avassaladora – Sai da sala
Terça feira, 17h15, Sala 10 do Uol
Mulata quentecarente – entra na sala
Mulata quentecarente - Oi, podemos tc?
Engenheiro Discreto cam – Claro, gata... tudo bom?
Mulataquentecarente – Tudo bem... o que procura?
Engenheiro Discreto cam - encontrar a mulher da minha vida, e ela pode ser você..rsr
Mulata quentecarente – será?
Engenheiro Discreto cam – casada?
Mulata quentecarente – não e você?
Engenheiro Discreto cam – casado, mas as coisas não vão bem...ando carente
Mulataquentecarente – mas o que você procura? Sexo real ou virtual?
Engenheiro Discreto cam – Real, claro....quero uma mulher quente e desinibida para encontros discretos.
Mulataquentecarente – Ah, então quer uma amante?
Engenheiro Discreto cam – Não, quero apenas uma cúmplice fogosa e bonita, sem envolvimento emocional nem financeiro. A propósito, como vc é?
Mulataquentecarente – Sou negra clara, 1.65m, 56 kg, seios pequenos e bumbum grande, intelectual, faço doutorado.
Engenheiro Discreto cam – Hummm, o meu número ... como você está vestida?
Mulataquentecarente Sai da sala.
Depois que terminou com o Domingos, Clarita ficou mais aliviada. Há tempos que a coisa não andava bem, sexo devagar quase parando e muito pouco beijo na boca. Tinham ficado amigos demais e amantes de menos. Sentia apenas a falta do companheiro para os passeios, as viagens, o cinema, da preguiça gostosa curtida a dois nas manhãs dos domingos, ainda na cama. E, mais que tudo agora, Clarita sentia falta de sexo, queria voltar a trepar gostoso, sem culpa, soltar a franga outra vez com alguém que lhe despertasse os instintos mais primitivos e com quem pudesse estabelecer, pelo menos, uma mínima relação afetiva. Já mais perto dos 50, sabia que não ia ser fácil encontrar um novo amor. Mas era tranqüila e, embora bonita e ainda muito apetitosa, não ia sair por aí caçando qualquer coisa.
Sexo.Essa era a urgência que Clarita sentia naquele final de expediente. Tinha acabado de finalizar um belo projeto de arquitetura e sentia-se realizada quando resolveu entrar num Chat. Anos antes foi por essa via que ela descolara o Diego, um casadinho nos trinques, carinhoso e de boa pegada que lhe rendeu dezenas de tardes para sempre inesquecíveis. Mas, hoje, certamente não era o seu dia. Depois de entrar três vezes no chat com 3 nicks diferentes e abordar a mesma “vítima” sob 3 diferentes arquétipos de mulher, descobriu que o Engenheiro Discreto Cam era mais um dos babacas que infestam os chats. Todos com o pau na testa e com muita pressa.... Perfeita aquela velha piada: homem com tesão não tem tipo, tem urgência! E desligou o computador rindo. Acabava de ter certeza que teria um encontro importantíssimo naquela noite. Só não podia esquecer de comprar pilhas novas e uma bela garrafa de vinho no caminho de casa.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
D'além mar
O erótico é o domínio da sedução, do imaginário. O pornográfico, o domínio da excitação,dos instintos. No Brasil, o desejo e o prazer estão relacionados com a transgressão. Mas eu gosto das autoras portuguesas que se aventuram nesta área, pois em seus textos o desejo surge quase sempre como um sentimento inadequado, como que a exigir uma certa ousadia para que ele seja vivenciado.
Nasceu e vive em Lisboa a Maria Teresa Horta, uma das minhas autoras preferidas. E dela, cito aqui as últimas linhas de um conto (Mônica) que considero incrivelmente sensual :
...Os lençóis enrodilhados ficavam no chão quando saíam para o corredor sujo e escuro, a cheirar a gordura fria, entranhada, de cozinha mal lavada. Mas os dois sentiam somente o odor a orgasmo que levavam na pele, enquanto a contragosto desciam as escadas, tropeçando na boca um do outro.”
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Cílios e petulância
Cai lá fora uma chuvinha gostosa e eu me espreguiço na cama, enrolando mais e mais meu corpo nu nos lençóis macios cheirando a lavanda. Deve ser tarde. Mas não estou nem aí. Agora, sozinha na cama, acabo de decretar o meu day off. Hoje eu mereço desfrutar da minha própria companhia e estico o mais que posso esse momento gostoso. Ainda sem abrir os olhos, no lento acordar dos sentidos, alongo o corpo feito gata e, nesse movimento, noto que meus seios estão sensíveis. Também, pudera, o Juca é tão amarrado neles que passou boa parte da noite passada literalmente mamando em mim. Quer dizer, em mim e no copo de whisky que ele não desgrudou a noite inteira. Primeiro foi naquela festa careta onde me levou, cheio de mulheres com cara de Barbie velha com bocão, e homens de ar imponente.
Depois do segundo drinque eu não agüentava mais ficar lá dentro, e ainda por cima sozinha, uma vez que o Juca, depois de me apresentar a todos como uma jóia rara, estava mais era entretido em fazer relações diplomáticas com os gringos. Eu me esforcei, juro, mas após algumas tentativas patéticas, simplesmente desisti de tentar manter algum papo com um mínimo de sentido, pelo menos para mim.
Como faço sempre quando entediada, parti para um joguinho que faço sempre nessas horas. Vasculhei a sala, procurei, procurei, e não via ninguém interessante, nem mesmo para um flerte bobo, desses de festa. Dentre todos (e todas) ali, só se salvava um dos garçons, um moreno alto, magro, olhos cheios de cílios e um ar safadinho que, literalmente, me encantou. Por segundos que fosse, ele sustentava o meu olhar cada vez que eu procurava o seu.
Até que estava divertido, mas eu não podia ficar ali só flertando o garçon. Então comecei a passear por aquela casa imensa, admirando as obras de arte espalhadas pelos cantos, paredes e móveis. De fato, o diretor tinha ali um acervo incrível de arte contemporânea e da melhor qualidade. Cheguei mesmo a achar que ele fosse um conhecedor. Ou então que a fulana que cuidou da decoração da sua nova casa (e que vive aparecendo nas colunas sociais) tenha ido se aconselhar com um bom marchand ou galerista. Sinceramente, eu apostaria mais nessa hipótese.
Estava na sala anexa ao grande salão, entretida nesses pensamentos quando o tal moreno veio, decidido, em minha direção com a bandeja.
- Está servida, senhora? O que deseja? , disse-me ele, encarando-me de forma provocativa. Não tive dúvida e respondi baixinho, também olhando em seus olhos:
- ....o seu telefone, disse eu.
- É pra já, senhora, vou providenciar, respondeu com um discreto sorriso, virando-se para servir outras poucas pessoas que estavam por ali.
Definitivamente o rapaz tinha atitude, gostei. E fiquei por ali, me divertindo, tentando imaginar como ele faria para me entregar “a encomenda”. Nem cinco minutos se passaram, e ele estava de volta, trazendo uma bandeja com outro tipo de whisky.
- Com gelo, senhora?
- Três pedrinhas, por favor, respondi.
Em seguida, com toda elegância, ele me serviu o copo, em cuja base havia um pequeno papel azul, todo dobradinho. Peguei no copo com muito cuidado para o bilhete não cair, e logo o escondi na outra mão. Não via a hora de ver o que estava escrito. Fiquei por ali um tempinho e, depois de alguns goles, circulei procurando pelo banheiro mais próximo, ansiosa .
“Não demore. 9999-9999 . Carlos”. Foi uma injeção de adrenalina. Não consigo resistir a homens imperativos. Ele que me aguardasse. Aquilo me deixou cheia de tesão, e mais impaciente ainda para sair logo dali. Imediatamente passei a caçar o Juca com os olhos daquele jeito que ele não consegue resistir. Deu tão certo que ele logo começou a se despedir do pessoal e, em pouco tempo, estávamos na minha cama fazendo aquele tipo de sexo bom, porém meio burocrático, bem ao seu estilo. Mas, desta vez, sem que Juca soubesse, tivemos um terceiro participante. E os lençóis quase pegaram fogo.
Carne Tenra
O bamba sujo, encardido, combina com o jeans surrado de tantas lavagens. A camiseta branca parece ter sido talhada para apertar aqueles faroizinhos petulantes voltados pro céu. De tão curta, a blusa revela o ventre lisinho, chupado. Franja escorrida, pele fina e corada feito criança, a garota parece inatingível quando passa a caminho da escola, mochila nas costas, balançando num andar largado, quase malemolente. Não deve ter mais que 12, 13 anos, e por isso seu frescor é cruel, agudo e cortante. Cabeça nas nuvens, ela nem se dá conta do abalo que provoca em muitos no caminho. Sequer imagina o quanto um dia ainda poderá. Se quiser. Se souber. Se atrever. Ah, minha Nossa Senhora dos Desejos Tresloucados, pudesse eu saber o que sei e ter 13 outra vez...