segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Meninas más também sofrem

Menina, você um dia ainda vai quebrar a cara. Tanto topete pra que? Ainda lembro minha mãe dizendo isso, eu ainda novinha e já tão metida que acabava isolada. Mas nem ligava. Sabia que era a mais linda, a mais loira, a mais alta e poderosa. Nenhum garoto, professor, primo ou vizinho resistia. Eu jogava o charme, seduzia até os que não me interessavam. Nos esportes também sempre fui muito competitiva, e arrasava no vôlei sem esforço algum, sequer dieta, o que irritava as colegas. Terminado o campeonato, largava aquela medalha boba em qualquer canto, já não tinha mais graça. Gostoso mesmo era disputar e vencer.

Falsa magra, curvas feitas para derrapagens, cabelos longos e sedosos sempre fui bonita e feita para conquistar. Falsa modéstia pra que? Enxerida diziam. Eu nem dava bola. Já o gostosa eu adorava ouvir. Então caprichava mais ainda na ginga e no olhar sedutor. Às vezes queria ser discreta, mas chamava a atenção. Quem é aquela loiraça ali? Nem precisaria tanto de bom discurso ou inteligência, mas mesmo assim sempre tive língua esperta, mordaz, raciocínio rápido. O que me fez subir na carreira executiva, e chegar no privilegiado posto em que estou. Sinceramente, dá para negar que beleza abre portas?

Dizem que o amadurecimento vem com o tempo. Não no meu caso. Às vezes até que eu tento melhorar como ser humano, ser mais solidária, ouvir as pessoas, mostrar interesse. Mas o esforço é vão, e a atuação canhestra, atriz de quinta. Não há bondade em mim. Divirto-me com a desgraça do outro. Sou do tipo que morre de rir quando alguém toma um tombo ou falha em algo. Adoro constranger, derrubar, tirar do caminho quem me atrapalha. Olhar no olho do outro e ver a dor que causei. É quase um orgasmo, quase nem consigo disfarçar.

Mês passado ainda, conheci um surfista trintão todo sarado, convencido e muito assediado. Bastou querer e o gato estava na minha mão. Mas quando ele tirou a roupa, sinceramente desapontada, olhei bem o material e disse só isso? fala sério.... Ele perdeu o pé, patinou naquela noite e me divirto imaginando que deve estar patinando até agora. Lembro também do Antenor, um diretor com quem tive um caso por uns tempos. Até gostava dele, nos dávamos bem na cama e tal. Mas, só de sacanagem, toda vez eu abusava fazendo o gênero insaciável, só para ter certeza que ele voltaria para casa literalmente esfolado, destruído, e pior, cheio de marquinhas. E me divertia imaginando-o encobrindo pistas e fugindo daquela mulher metida que, tenho certeza, naquele ano, até eu enjoar, ficou na base da saudade digital ...

Certamente é por isso que tenho poucas amigas, apenas aquelas de quem não roubei o namorado, claro. Já os amigos, eu não perdôo, e os uso ao sabor da minha vontade tanto para o sexo como para subir na empresa, conforme o interesse na hora. Nesses anos todos, nas minhas mãos, eles se transformaram em frágeis marionetes, e eu mestre Phd em descarte.

Sei, sou vil, podre, não tenho um fiapo de consideração, desconheço o que significa compaixão, muito menos generosidade. E fico aqui me perguntando, será que o Waldyr desconfia que estou saindo com o Paulinho? Só isso justificaria o fato dele ontem, na cama, ao apertar minhas coxas, dizer como quem não quer nada, engraçado, parece mixirica, ó.... Estou arrasada desde então.

3 comentários:

Anônimo disse...

Será vil, vilã, sórdida e maquiavélica. No fim apenas mixirica....Ah!!! o gosto da vingança...rsss. Adorei, como sempre vc sabe o que diz.

Bjos
Luiz wood

Petê Rissatti disse...

Não adianta, por mais canalha, todo mundo tem seu pontinho fraco. Até mesmo a poderosa com pernas de mixirica. Essa personagem está viva, Laura, viva como você está.

Beijos

Bruno Cobbi disse...

Just footprints...

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