É bom demais remexer as idéias e tentar traduzi-las em palavras. Brinco disso desde criança, e talvez por isso eu sempre esteja estudando para tentar fazer isso cada vez melhor. Atualmente curso uma segunda pós-graduação em Criação Literária e, dia destes, um de nossos mestres, o grande Edson Cruz, fundador e editor do Site Cronópios, nos propôs um exercício de amplificação. Para tanto, pediu que aumentássemos "O dinossauro", do guatemalteco Augusto Moterroso, considerado o menor conto da literatura mundial, e uma das suas obras mais célebres. Aqui o conto:
"Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá".É incrível como com tão poucas palavras ele consegue dizer tanto e abrir um universo inteiro de possibilidades na cabeça do leitor.
Agora eu gostaria de desafiar você, leitor, para também brincar de aumentar esse texto, de acordo com os sentimentos que ele gerou em você, com um máximo de 150 toques (ou até 25 palavras). Vou adorar ter a sua colaboração aqui no espaço para comentários. E eu garanto, é super divertido, porque cada um segue uma direção completamente diferente.
E então, quer brincar comigo disso? Sugiro que você primeiro faça o seu texto, poste em forma de comentário, e só então leia o final que eu criei durante a aula. Aqui então, o meu final da história.
"Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Presente ridículo, pelúcia balofa ocupando na cama o lugar que foi dele, pensou ela, planejando sair logo para providenciar a troca da fechadura".
(*) "Matrix", trabalho do instigante artista mexicano Octavio O' Campo, que mistura imagens criando novas sensações, colocado aqui justamente para ajudar você a soltar a imaginação.
(**) Se tiver um tempinho, clique lá encima no link do Monterroso, e leia alguns contos desse grande escritor. Vale à pena.
20 comentários:
"Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Inerte e com rasgos imensos no pescoço e no ventre de vísceras expostas. Olhou para si, todo pintado de vermelho e nos lábios o gosto inconfundível do sangue. Desmaiou novamente."
Adorei a brincadeira, Laurinha. Saudades de você...
"Quando acordou o dinossauro ainda estava lá!
Olhou para o lado, bateu o pé no chão e gritou... Xô! Some daqui!...
...E voltou a dormir.
beijos Laura!
"Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá: sua cabeça de quelônio puxando o lençol para si, os olhos cerrados em um sono pesado (mas não tão pesado quanto ele mesmo), o couro de sua cabeça num sem-fim de poros e marcas e encruzilhadas como lama ressecada no sol, o pescoço vindo de fora da janela, seu corpo ressonando tranquilo sobre as acácias e abacateiros do quintal do sítio, as galinhas ciscando os carrapatos de sua costas, levantei-me, fechei as cortinas pra tapar o sol que nascia e fui dormir de conchinha com você."
Bjk
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Levantou-se, e com a ducha banhando seu corpo, riu. O papel de protagonista na próxima peça estava garantido.
Beijão, minha linda.
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Percebeu, então, que sua máquina do tempo havia quebrado.
Inspirei-me... hehehe.
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. E Puff, o ursinho, entristeceu-se por ainda morar na loja de brinquedos.
Está bem, está bem... vou parar por aqui.
Adorei a brincadeira.
Um beijão.
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. A geladeira não. Dino, filho do vizinho, de raiva do chará, tinha o jogado nela. A pobre se esquentou. Pegou fogo. Dino não.
A essas alturas do dia, não estou muito inspirada, mas adorei a brincadeira e as contribuições!
bjs.
mais um
"Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá: em cima, embaixo, aos lados, ele era uma ilha na treva, na teia, um planeta cercado de dinossauro por todos os lados; então se iniciou o processo digestivo."
Amigos, que delícia ver que vocês embarcaram na brincadeira, e criaram finais incríveis, cada um a sua maneira. Dinossauros incomodam....rs
Amo vocês, juro!
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Fechou os olhos e quis acreditar que era um sonho. Dormiu de novo. A ampulheta e o jogo havia mudado. Agora ele era o dinossauro e o outro o perseguido. Em uma dentada devorou-o.
Bjs.
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá, dando-lhe mais uma vez a opção de entender a certeza da criação e da extinção. Tudo ao seu tempo.
Sady
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Grisalho, face marcada pelo tempo e a serenidade que só os mais velhos parecem ser capazes de suportar. "Não fora uma alucinação", deu-se conta, sorrindo. A jovem Luiza, finalmente, se enxergou mulher.
Ai que difícil!!!!! Mas é divertido, aí vai o meu..rs Beijo, saudade.
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Engraçado. Da última vez exatamente o oposto havia sucedido.
Estou te mandando minha continuação meio atrasado e com um texto que você já conhece, mesmo assim, lá vai:
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Que chateação. Todos os dias a mesma companhia. O que fazer? Só havia um jeito: acabar com o bicho. Levou a mão ao bolso e sacou a única arma que tinha. Apertou o botão e colocou num canal menos pré-histórico, bem na hora em que o monstrengo ia gritar, pela milionésima vez: "Não é a mamãe!"
Pati, Eduardo, Bárbara, Monica, que lindo! Vocês vieram também brincar. Obrigada pela colaboração e...apareçam sempre!
...conseguiu passar pela fresta, com o coração aos pulos de cansaço e medo. Tateou o lugar na penumbra e viu que era seguro. Não achou um galho pra fazer fogo. Deitou, fechou os olhos e ficou escutando o som que vinha de fora. Dormiu. Quando acordou o dinossauro ainda estava lá...
Que lindo, até você Novaes entrou na brincadeira. Prova que gente competente no traço também domina as palavras. Beijão
Quando acordou o dinossauro ainda estava lá. A metrópole foi só um pesadelo de sangue fluorescente.
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