Certas noticias me chamam tanto a atenção que recorto e guardo numa pasta que volta e meia reviro em busca de ideias para os escritos. É o caso de um recorte de jornal do ano passado, e que fala do Dia de apreciar a esposa instituído há 4 anos no Japão, porque lá os homens perceberam que há muito vinham dando pouca atenção às companheiras. Nessa data eles se juntam para gritar a plenos pulmões - e ao ar livre - o quanto gostam delas e o quanto apreciam tudo o que elas fazem pela casa e pelo relacionamento.
A noticia me perturbou por várias razões. Primeiro, por ver como é fácil darmos mais valor e tempo ao trabalho do que à vida pessoal. Isso é ainda mais frequente com os homens, uma vez em geral são as mulheres que tomam para si a responsabilidade dos cuidados com casa e filhos. E isso internacionalmente. No Japão esse apreço ao trabalho é ainda mais forte, uma vez que com o esforço de reconstrução do país no pós-guerra, os japoneses ganharam a reputação de colocar seus empregos no topo das prioridades. Coitadas delas.
Mas será que adianta os homens berrarem longe de casa o quanto elas são importantes? Não seria mais eficiente – e agradável – eles passarem a gastar algum tempo do dia conversando com elas, olhando-as nos olhos, elogiando-as, fazendo carinhos?
A falta de jeito dos japoneses demonstrarem afeto é tão admitida lá, que fundaram a associação Maridos Japoneses que Apreciam (em inglês Japans Adoring Husband’s) e que se dedica a difundir as seguintes regras de ouro para manter acesa a chama do casamento:
1) Olhe nos olhos quando falar com ela;
2) Chame-a pelo nome, e não por você ou “mãe”
3) Chegue do trabalho até as 20 horas no máximo
4) Agradeça regularmente por tudo o que ela fizer pela casa ou por você
5) Ajude nas tarefas de casa.
Estamos a milhares de quilômetros do Japão, não temos aqueles olhinhos puxados, nossa cultura e tradições são bastante diferentes, mas não seria bom se, como eles, todos nós – homens e mulheres, em nosso dia a dia, procurássemos encontrar tempo para um dengo e um papo com aquele (ou aquela) que conosco partilha a vida e os sonhos?