o que faço
com você agora
pacote mais lindo
(delícia)
que ainda está indo
enquanto eu já me recolho?
(saboreio)
tens razão, meu querido
relaxo e gozo!
(“A vida acontece sempre tarde demais” – frase de Herbert Quain, escritor irlandês “inventado” por Jorge Luis Borges, no conto “Exame da obra de Herbert Quain”)
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Menino Bonito
domingo, 21 de setembro de 2008
Intimidade
Sou modesta. Festa muitas vezes são só dois dedos de prazer.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
domingo, 7 de setembro de 2008
Emboscada
Preparo a tocaia, atenção total a cada detalhe para não perder a presa. É quase um ritual. A melhor hora da semana merece todo cuidado. Desde a manutenção do equipamento para que não falhe na hora H, a montagem, a intensidade da luz. Antes sempre um relaxamento com música, seguida de alongamento. Tudo para preparar olhos e músculos para que não falhem na missão. Depois, é hora de observar o tempo e a direção do vento. Tudo tem de ser previsto. Apesar da excitação, nada pode falhar. Olho para o relógio. É hora de começar a preparar a cilada..
“Pedro Henrique, você não vem jantar?”.
Ajeito a posição da cortina, apago tudo, deixo só o abajur ligado. Olho o relógio. Acabou a novela das 8. Está quase. Hora da Deusa aparecer. Essa espreita bem merecia uma prece, juro, daquelas bem inflamadas, tipo transe de se jogar no chão do templo. Mas, ao contrário, me contenho. Conto minutos... segundos agora. Começo a transpirar, e as mãos querem tremer. Respiro fundo, preciso me conter. Até que...pá... acende-se a luz na janela do 8º andar da área de serviço do edifício em frente, para minha sorte sempre aberta. E Kristyelly entra, gloriosa...assim mesmo: K-r-i-s-t-y-e-l-l-y. De tão ensandecido com essa mulher-miragem, até subornei o faxineiro do prédio vizinho para descobrir o nome da Deusa..... E é ela em flor que aparece com o indefectível vestidinho cor de rosa de abotoar, decerto escolhido pela patroa na vã tentativa de esconder aquelas curvas-pecado. Para minha felicidade, ela segue a nossa rotina... Nossa, claro, afinal, já somos íntimos.
Com ar cansado, depois de um dia inteiro limpando e cozinhando para aquela família, ela apossa-se do quartinho. Primeiro, ainda de pé, tira os sapatos. Depois, se livra do elástico (também rosa, claro) que lhe prende os cabelos escuros, balança a cabeça e os cachos caem sobre os ombros, ainda meio indomados. Aí ela liga a TV e começa a abrir um a um, os botões da roupa, enquanto mexe o corpo ao som da música de um programa bobo de auditório que está começando.
“Pedro Henrique, vai esfriar....”
E é aí, justo quando se livra do uniforme, que surge aquilo que tem sido o meu vício desde que, no Natal, ganhei um binóculo no amigo secreto da firma: a calcinha branca de algodão.
Foi essa Deusa a responsável por me cooptar a essa religião: a dos-adoradores-de-calcinhas-brancas, da qual agora sou um servo fiel. Só que numa corrente especial, bem mais especializada: a dos adoradores-de-calcinhas-brancas-de-algodão-meio-tortinhas... Por sua causa, ou melhor, em seu louvor, reservo as minhas noites de quarta para essa celebração que já me fez comprar uma câmera potente, muitas lentes, uma filmadora, montar diversos álbuns e passar noites editando filmes para registrar a fonte daquilo que se transformou em alimento vital.
“Pedro Henrique, eu não vou chamar mais, heim?”
Às vezes piro, e desconfio que esse monumento sabe que a estou tocaiando, e se exibe para mim tão à vontade que nem se lembra de puxar a calcinha para cobrir algum pominho de bumbum que tenha ficado para fora. É de matar, juro! Loucura que me faz não ver mais graça alguma em lingeries. Eventualmente saio com alguma garota, e aquele desfile todo de tangas, rendas, laços não me diz nada. Tadinhas... elas nem imaginam o poder bélico de uma modesta calcinha branca de algodão sobre um simples mortal.