Cuido do corpo, faço dieta, malho, gasto com roupa. Gostosa full time, fumo bagulho, trago, engulo, bato fileira, bebo até o santo daime pra subir um patamar e agüentar quando a coisa não vai bem. Paciência, ossos desse ofício de carreira curta. Aos 29, tem hora que já penso em aposentar ou então agenciar, mas olho pro espelho e sinto que posso esticar uma noite a mais, um mês mais, outro ano talvez.
O meu prazer? O que? Você pergunta do meu prazer? Ah, isso não importa. Verdade, juro. Quando tou no expediente, quero mais é ver o cara delirar...ele, a mulher, o caso, e quem mais vier. Mesmo com o choro e o perigo por um triz, o que vale é a grana da paga no fim. Quem sabe me chamam outra vez, e outra vez, e assim vou fazendo a freguesia. Agenda cheia, telefone a mil, buceta dadeira, inchada e ralada, corpo vez por outra esfolado, roxo, cansado. É o que exige o Romão, e eu obedeço. Senão, o pau come, e não tou afim de apanhar mais do meu homem. Dele quero só que me coma gostoso, um papai/mamãe basiquinho, muito chamego, elogio no ouvido, mas também proteção e a certeza de ser a principal.
O que me mantém no jogo é a esperança de um príncipe se apaixonar e me carregar. Aí passo a borracha em tudo, viro esposinha exemplar. Ei, oh da reportagem, já vai embora? Tava gostando de, pela primeira vez, poder falar de mim. Vem cá, que dia vai passar na tv? Me avisa que tiro minha mãe de casa, mando pra igreja. Ela não pode saber.