sexta-feira, 5 de março de 2010

Amor aos berros


Certas noticias me chamam tanto a atenção que recorto e guardo numa pasta que volta e meia reviro em busca de ideias para os escritos. É o caso de um recorte de jornal do ano passado, e que fala do Dia de apreciar a esposa instituído há 4 anos no Japão, porque lá os homens perceberam que há muito vinham dando pouca atenção às companheiras. Nessa data eles se juntam para gritar a plenos pulmões - e ao ar livre - o quanto gostam delas e o quanto apreciam tudo o que elas fazem pela casa e pelo relacionamento.

A noticia me perturbou por várias razões. Primeiro, por ver como é fácil darmos mais valor e tempo ao trabalho do que à vida pessoal. Isso é ainda mais frequente com os homens, uma vez em geral são as mulheres que tomam para si a responsabilidade dos cuidados com casa e filhos. E isso internacionalmente. No Japão esse apreço ao trabalho é ainda mais forte, uma vez que com o esforço de reconstrução do país no pós-guerra, os japoneses ganharam a reputação de colocar seus empregos no topo das prioridades. Coitadas delas.

Mas será que adianta os homens berrarem longe de casa o quanto elas são importantes? Não seria mais eficiente – e agradável – eles passarem a gastar algum tempo do dia conversando com elas, olhando-as nos olhos, elogiando-as, fazendo carinhos?

A falta de jeito dos japoneses demonstrarem afeto é tão admitida lá, que fundaram a associação Maridos Japoneses que Apreciam (em inglês Japans Adoring Husband’s) e que se dedica a difundir as seguintes regras de ouro para manter acesa a chama do casamento:


1) Olhe nos olhos quando falar com ela;
2) Chame-a pelo nome, e não por você ou “mãe”
3) Chegue do trabalho até as 20 horas no máximo
4) Agradeça regularmente por tudo o que ela fizer pela casa ou por você
5) Ajude nas tarefas de casa.

Estamos a milhares de quilômetros do Japão, não temos aqueles olhinhos puxados, nossa cultura e tradições são bastante diferentes, mas não seria bom se, como eles, todos nós – homens e mulheres, em nosso dia a dia, procurássemos encontrar tempo para um dengo e um papo com aquele (ou aquela) que conosco partilha a vida e os sonhos?

2 comentários:

Laila Guilherme disse...

Bem posto para o Dia Internacional da Mulher: não se deve declarar amor ou dedicação apenas nesse dia e muito menos de longe!

É um cultivo do dia a dia, sem dúvida.

Mas infelizmente o trabalho - e o medo de perdê-lo - toma cada vez mais tempo das pessoas, sejam mulheres ou homens, e faltam mesmo contato e afeto para com os mais queridos, que vão ficando sempre pra depois...

Raquel Gomes disse...

Laura... seria tão bom se os meninos entrassem aqui para ler isso...
Mas aqui em casa rola um chameo de vez em sempre, e de vem em quando ele agradece por eu me levantar cansada às 23h30 (ou meia noite e meia, ou uma hora...) para fazer o lanche dele pós pós-graduação.
E no fim de semana ainda me ajuda com a casa (embora eu preferisse que ele lavasse a louça todos os dias - e aí nem precisaria ajudar sábado e domingo...).
Será que vai continuar assim?
Espero que sim!

Beijos
Adorei seu "brogue"... me visita no byraquelgomes.blogspot.com?