sábado, 28 de fevereiro de 2009

Amo quente, chame que Bárbara atende


Disponível total. Sexo radical. Prazer incondicional. Prometo e realizo em domicilio, carro, motel, beco, banheiro, escada ou muro. Conjugo o verbo dar em todos os modos. E também o verbo comer em todas as declinações e dicções. Encaro fetiches, objetos, sandices. Faço o que querem, concretizo fantasias alheias. Quanto mais atravesso limites, mais esqueço do medo.

Cuido do corpo, faço dieta, malho, gasto com roupa. Gostosa full time, fumo bagulho, trago, engulo, bato fileira, bebo até o santo daime pra subir um patamar e agüentar quando a coisa não vai bem. Paciência, ossos desse ofício de carreira curta. Aos 29, tem hora que já penso em aposentar ou então agenciar, mas olho pro espelho e sinto que posso esticar uma noite a mais, um mês mais, outro ano talvez.

O meu prazer? O que? Você pergunta do meu prazer? Ah, isso não importa. Verdade, juro. Quando tou no expediente, quero mais é ver o cara delirar...ele, a mulher, o caso, e quem mais vier. Mesmo com o choro e o perigo por um triz, o que vale é a grana da paga no fim. Quem sabe me chamam outra vez, e outra vez, e assim vou fazendo a freguesia. Agenda cheia, telefone a mil, buceta dadeira, inchada e ralada, corpo vez por outra esfolado, roxo, cansado. É o que exige o Romão, e eu obedeço. Senão, o pau come, e não tou afim de apanhar mais do meu homem. Dele quero só que me coma gostoso, um papai/mamãe basiquinho, muito chamego, elogio no ouvido, mas também proteção e a certeza de ser a principal.

O que me mantém no jogo é a esperança de um príncipe se apaixonar e me carregar. Aí passo a borracha em tudo, viro esposinha exemplar. Ei, oh da reportagem, já vai embora? Tava gostando de, pela primeira vez, poder falar de mim. Vem cá, que dia vai passar na tv? Me avisa que tiro minha mãe de casa, mando pra igreja. Ela não pode saber.


(*) a imagem acima é do norte-americano Robert Mapplethorpe, que ficou famoso com sua série de fotos sensuais de flores, mas cujo trabalho vai muito além disso e até hoje sofre censura. Se quiser saber mais sobre ele, clique aqui
(**) Exercicio da Oficina de Textos Eróticos comandada pelo escritor Marcelino Freire, em que a idéia era desenvolver um conto a partir de um personagem criado por um colega para um anúncio de classificado. Esta Bárbara foi inicialmente imaginada por Mariana Zanetic, a quem agradeço a inspiração.

8 comentários:

Vladimir Golombek disse...

cheio de vida as suas letras, embora triste também e olha só aonde a fasntasia leva...

Gaby Almeida disse...

Muito legal...

tentei escrever curto no meu blog...
ve o q vc acha...

bjus...

Y.N. Daniel disse...

Que beleza!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Uma puta poderosa e pujante.
Senti agora que você tirou a faca da cozinha e colocou no lugar correto:
na boca.
Sucesso!!!
:D

Marcos Pontes disse...

Laura, isso é exercício pra você? Pra kim é texto pronto e acabado.

Beatriz disse...

Adoro a fantasia de ser puta. E esta está excelente.

Ps: deixei um comentário aqui sobre este post e sumiu.

Laura Fuentes disse...

Vladimir, Gabysinha, Daniel,Marcos e Compulsão, vocês são uns queridos. Obrigada pela força de sempre.

Anônimo disse...

caraca, você não tem limites??? cada dia melhor!!! que orgulho de ser sua amiga!!!!! beijão! Erika Riedel

Denize Muller disse...

Adoro pau mole, acho que as putas também. Se nele se encerram possibilidades, imagine pra puta que só quer um bem.
Obrigado pels visitas e pelos elogios.
Vontade de ver você e o Julio bjs na boca